Divagações sem fim esperando por respostas.
Uma busca sem rumo por certezas improváveis:
Dores, cores, amores, rancores.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Papo de bar

"-Lê, eu quero me casar. Eu nunca quis isso, nem nunca considerei essa hipótese. Eu tenho dois filhos e eu sei que agora eu quero me casar".
Não, não foi um pedido, foi um desabafo. Ele precisava colocar essa vontade para fora e achou que eu o entenderia. Claro que o entendo!
Não sou eu que em poucos dias abrirei mão dessa minha vida boemia para ficar mais perto dos meus pais? Para estudar? Para casar comigo mesma?
Eu também me assustei ao pensar em sair de São Paulo. Afinal de contas aqui eu criei minha identidade. Amadureci. Descobri os "eu não quero". Os "eu posso". Descobri meu estilo de ser feliz. Fiz amigos os mais diversos. Vou abandonar tudo isso?
Bem, não estamos falando de mim.
Para este meu amigo da mesma idade que eu, abandonar a liberdade da vida (da única vida que conhece até hoje) as várias mulheres pelas quais se apaixonou, todas as noitadas e pessoas interessantes que conheceu para pedir a mão da menina linda que o sequestra para a praia todo final de semana em casamento é algo tão assustador quanto empacotar seus pertences, seus amigos, seu amante e recomeçar a 600 km de distância.
Sair da rotina mete medo. Levantar a bunda do sofá mete medo. Sair do comodismo, do conhecido, do fundo da caverna. Isso assusta!
Mas como o mesmo amigo me disse quando eu titubeei em achar que era chato abandonar a todos e ir para a Inglaterra por 3 meses -"As pessoas foram feitas para serem deixadas"- acredito que estes nossos hábitos também. Essas manias. Por mais divertidas que sejam.
Se vamos viver 70 anos, vamos passar os outros 30 do mesmo jeitinho ou mudar um pouco para ver o que acontece? Só para ver o que acontece?
Eu o aconselhei a se casar do mesmo modo que ele me apoiou quando disse que iria embora me redescobrir. Mesmo contrariando os que preferem viver o comodismo dos seus dias. A mesma praça, o mesmo banco.
E é isso que farei agora. Espero que ele faça o mesmo!
Quem sabe não recebo um convite de casamento e tenho que viajar 600 km para ouvir ela te dizer um sim? E para te ver de terno e tenis babando de felicidade?
Será que nos tornaremos caretas?
Que nada... careta é quem vai ficar para trás.

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