Divagações sem fim esperando por respostas.
Uma busca sem rumo por certezas improváveis:
Dores, cores, amores, rancores.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

I love Lucy



Mas se não dá pra fugir pra longe a gente foge pra perto mesmo e vai aceitando a realidade bit by bit...
E pouco a pouco também volta a acreditar que o limite está onde você quer que ele esteja...
E que se as coisas acontecem, acontecem porque você deixa que o destino siga aquele caminho...
Ou porque ele é mais forte que você e suas escolhas.
Mas aí você não tem escolha mesmo!
Se para viver melhor é preciso sumir.
E se pra você a fuga não é covardia e sim remédio.
Be gone for a while e se refaça.
But don't be gone forever porque a vida passa...
E se de longe a vista é linda, bem melhor é fazer parte do cartão postal.


...PICTURE YOURSELF IN A BOAT ON A RIVER
WITH TANGERINE TREES AND MARMALADE SKIES
SOMEBODY CALLS YOU, YOU ANSWER QUITE SLOWLY
A GIRL WITH KALEIDOSCOPE EYES

CELLOPHANE FLOWERS OF YELLOW AND GREEN
TOWERING OVER YOUR HEAD
LOOK FOR THE GIRL WITH THE SUN IN HER EYES...
...AND SHE´S GONE!!!

Ainda

Eu já sei que a saudade passa e a dor vai embora com ela.
O triste é saber que o esforço é tão grande para que essas dores passem que quando elas se vão, se arrastam levando todos os momentos...
Do acordar suspirando de saudade ao dormir abraçado de vontade.
É então que páro e penso que nem tudo é ruim quando se sofre.
Tudo ainda está vivo e claro. Suspira-se.
O ruim mesmo é quando num vazio não se tem porque sofrer.
*
Ainda.

domingo, 30 de maio de 2010

saudades deles

(de setembro de 2006)

PESO NA CONSCIÊNCIA:
Não consigo me lembrar da última vez que fui pra casa do meu pai.
Me lembro da última vez que tinha que ir e não fui: Dia dos Pais.
Mas ele achou melhor eu ficar por aqui e descansar e eu achei melhor também porque fim de semana é fim de semana e tudo pode acontecer. E aconteceu. Meu "amoreco" resolveu reaparecer e fazer uma visita.
Uma daquelas visitas com cupido presente onde basta um beijo para você se apaixonar... Ai, ai.
E suspirar por mais algumas semanas, adiando a visita à papai e esperando uma reaparição dele.
DE VOLTA A REALIDADE:
Ok, neste caso seria mais fácil um contato imediato de terceiro grau com um ET fofinho de outra dimensão.
SONHO:
Aí passou um fim de semana, passou outro e agora a saudade bateu.
REALIDADE:
Então agora vou eu pra casa, ver quem realmente se importa pelo que eu sou, pelo que eu não sou, pelo que não fui. Aceita todos os meus defeitos e não repara em minhas qualidades, nem nas mudanças no meu cabelo. Não sabe se estou mais gorda ou mais magra mas me diz sempre que estou branca demais e que preciso me alimentar direito e dormir mais. Me liga o dia todo, manda mensagem quando eu não espero. Me espera de madrugada, me compra presentes.
Sente minha falta, pede minha presença, vem me ver. Me leva pra jantar, me dá conselhos profissionais que eu nunca vou ouvir. Me trata como se eu fosse uma bocó e tenta resolver todos os meus problemas. Me lembra de pagar as contas. Reclama do meu saldo negativo. Faz meu imposto de renda. Me dá colo.
Então dessa vez eu vou vê-lo.
E se o outro resolver aparecer?
ALUCINAÇÂO:
Com aquela cara que eu adoro, aquela voz que me desmonta. Falando de coisas que a gente viveu separado, viveu junto. Uma música, uma época, uma cidade.
Dividindo viajens, beijos, cigarros e gargalhadas.
Abrindo uma, duas , três cervejas.
Estando tão presente por horas e completamente ausente por tantas outras que começam no adeus e terminam ou não terminam.
Este que não sabe o dia do meu aniversário, não me vê pra saber que cor é ou tem sido meu cabelo, se gosto ou não de pimenta, se choro quando vejo e se vejo novela.
REALIDADE:
E enquanto isso, eu saio tropeçando pra ver quem fez meu celular apitar e me deparo com um: "Liga em casa, beijos do pai".
Que não me enche de esperanças bobas mas que não deixa de ser no mínimo, fofo.

(engraçado como algumas coisas se repetem: a mesma praça, o mesmo banco, as mesmas flores o mesmo jardim. Hoje meu pai me ligou. E hoje deve ter sido o pior dia deste ano. Chuva, frio, nada na geladeira, solidão, carência, blá. E ele me liga para dizer que a casa que acabou de comprar na praia está pronta, e que espera todo mundo lá nas férias de julho: vamos ver se aproveitamos mais essa coisa boa da vida, não é?
É pai, é bem por aí! )

Conselho de amiga

Conselho de amiga é uma coisa assim.Fofa.
Porque elas ouvem e sempre sabem o que de fato DEVERIAM dizer... Mas pensam, pensam e pensam na melhor forma de fazê-lo para que você não se sinta nem menor, nem pior.
Conselhos de amigas são 70% consolo e 30% verdade.Ao aconselhar,uma amiga pensa mais em fazer sua amiga se sentir melhor do que em achar uma solução para aquele(s) problema(s).
É por isso que é esta a função da amiga.É por isso que elas são fofas.É por isso que não podemos viver sem elas.
As verdades precisam ser ditas.Mas podem ser ouvidas em doses homeopáticas maquiadas de conselhos preocupados.Tudo bem que não dá pra fingir que vivemos em um mundo cor de rosa.
Mas se podemos fazer com que ele pareça menos cinza... Por que não?


Terça-feira, 8 de agosto de 2006.
"Bem, pelo jeito o cara é um fofo mesmo: agradável, boa companhia, bom papo, inteligente. Ai, ai, ai...
Esse lance do 'ele pode saber ou não', esquece! Pelo que você falou ele está querendo te conhecer pra ser amiga ou algo mais. Aí, você vai ter que arriscar, né? A gente nunca sabe...
Aquele cara gostoso que rendeu uma ótima noitada pode se tornar um amigo fofo... e aquele amigo irmão também pode te surpreender! (ai que vida linda, né???? Cheia de surprises!)
Você só está nessa piração gigante porque está sentindo as borboletitas... fica aí suspirando e sonhando com o cara... A gente fica com medo porque quando se apaixona perde o controle. E mulheres como a gente não sabem MESMO não estar no controle da situação.
Acho que em relação a se apaixonar e se entregar, as bobonas semi-submissas dão de 10 à zero na gente.
Eu fico completamente perdida.Meto os pés pelas mãos porque não quero que o cara desconfie de nada. E o que acontece?????? Tudo errado: fico nervosa, bebo demais, falo besteira, me declaro e bummmmmm: já era!
Ou me declaro e consigo algo.(As submissas fariam isso logo de cara, né???)
Ou não faço nada e volto pra casa com aquela sensação de “E se eu tivesse ...”
Sei lá.Acho que seria muito mais fácil se a gente tivesse um manual de instruções para usar nestes casos.
Aí, depois de uma folheada rápida pelos capítulos 1, 2 e 3 você deveria procurar o 6: “ Acabou de terminar um namoro” Será que ele não está demorando por que não quer se envolver de novo tão rápido??? Será que ele ainda está se sentindo desprezado? Será que ele está com medo de mulher???? Será que ele está curtindo a solteirisse?Será??? Será???? ahahahahahaha (gargalhadas mil)
Acho que se ele terminou agora, vai agir devagar mesmo.Deixa ele no espaço dele. Seja amiga, mas dê uns toques. Chama para uns programas mais ousados que fiquem entre o bom papo e o clima para uns bons beijos. Que lugar???? Sei lá, eu sou pééééééééssima pra isso hehehe (mais gargalhadas)
Se eu morasse sozinha, te emprestava o apê para vocês verem um filminho e depois de uma hora você lembrar que tem meia garrafa de vinho barato na geladeira. Hmm.
Mas vai com fé que sentir isso é super bom. A gente se sente viva e no final mesmo que dê tudo errado, valeu a pena! Borboletas sempre valem a pena!(e não têm preço!)"

Que saudade que eu tenho desses papos furados sentadas todas na mesa de casa. Ou de um email recebido depois do almoço quando tudo que você consegue pensar é nesse cara aí. Sempre fomos ótimas psicólogas umas das outras. Se a gente mudou, o carinho é o mesmo. À todas as minhas amigas, um beijo!

careful what you wish for

(8 de agosto, 2006)
em homenagem ao dia dos namorados =)

E tem gente que não acredita que sonhos possam se tornar realidade. E que desejos possam se tornar realidade. Pois eu lhes digo: tomem cuidado com o que pedem pra seus santos preferidos em suas datas preferidas. Cuidado ao vestir certas cores e fazer certas oferendas à certas entidades. MUITO cuidado ao apagar as velhinhas, escolher o lado certo do bolo a ser cortado. Cuidado ao vasculhar o céu procurando por estrelhas cadentes... ao invés disso, tome mais um gole do vinho e lamente por tudo aquilo que você deseja e que nunca se realiza. (É MAIS SEGURO)
O problema é que você tem que formular muito bem o seu desejo. E também desejar da maneira certa. Com a intensidade apropriada.
Por exemplo, um amigo meu, na sua festa de aniversário de 25 anos, depois de três anos de relacionamentos à distância e todos falidos, resolveu desejar uma nova namorada que morasse perto dele.
Tudo bem com o pedido. O problema foi a intensidade com que ele pediu: Eu quero muito, muito, muito, muito, muito uma namorada que more perto de mim!
Esta mensagem ao chegar na entidade desejada para que fosse analisada e então realizada, tomou proporções gigantes. Se ele arrumou uma namorada? Sua vizinha virou sua namorada e, depois de um tempo, para que o namoro sobrevissese à convivência, ele começou a busca por um novo teto.
Outra amiga, numa viagem de ano novo, caprichou no traje branco, comeu lentilhas, jogou flores pra Iemanjá e ao som dos fogos de artifício desejou encontrar um homem que a compreendese como ninguém. No outro dia na mesma praia, ela conheceu seu então namorado: aquele que a compreende como ninguém- seu psicanalista!
Uma outra amiga, na mesma data, escolheu ser abençoada com um namorado que gostasse muito de sexo. Muito, muito, muito. O que ela recebeu de Iemanjá um mês depois??? Adivinhe.
A terceira amiga(isso mesmo, as três Marias foram juntas viajar e desejar as mesmas coisas), decepcionada com seus casos amorosos que de uma hora pra outra viravam amizade desejou, de calcinha rosa, uma cara que a amasse. Muito, muito, muito. Fugiu de um louco por alguns meses.
É por isso que o nosso Santo Antônio(depois de virado de cabeça pra baixo e dentro da boca de um sapo) não foi incomodado no seu dia este ano mas recebeu um conselho: - Vê se faz direito desta vez!!!
Sem especificações. Sem nenhuma intensidade. Apenas um simples conselho.

(P.S.: as duas primeiras Marias se casaram, a terceira foge do ex-namorado até hoje)

DEJA VU

(escrito em 02 fevereiro, 2009)

Ela tem 28 e ainda não aprendeu a sambar.
Mas sabe rodopiar e cair sempre no mesmo lugar.
De uma hora pra outra a inspiração voltou.
parece que foi a virada do mês. coisa que a virada do ano não fez.
E ela abriu o vidro do carro e veio no trânsito cantando. sem se importar que chovia lá fora. Sem nem ligar pra hora.
foi a possibilidade do furacão passar que tudo isso fez. Monte de talvez.
o de um novo emprego, o quem sabe de um novo lar e a certeza de um ano unwriten pra escrever do jeitinho que bem entender.
a viagem do meio do ano começa a ser planejada assim como os olhares buscam novas bocas cheias de novas histórias. Do nada.
e mesmo que as noites acabem sempre naquele lugar.
serão refeitas com um figurino novo. Novo número de celular.
quem sabe até com um novo olhar.
E agora sabendo do que gosta e não, parece que fica mais fácil.
ou muito mais difícil de rodopiar e te encontrar.
Como se te encontrar fosse sinônimo para me deitar em paz.
onde você já jaz.

chega mais 2009.
que eu já te quero muito bem.

sábado, 1 de maio de 2010

Meu avô era mineiro

Poucas coisas nesta vida me fazem mais feliz que acordar cedo e tomar café-da-manhã na padaria.
Uma delas é lembrar do meu avô e do meu avô se lembrando de mim. Quando ele ainda conseguia me levantar, me pegar no colo, me jogar para cima assim, e assim.
Ele nos disse que era espanhol, lá da Catalunya. Mas para mim ele só podia mesmo ser mineiro. Um trenzinho bão daquele jamais nessa vida que nasceria numa terra que não fosse Minas Gerais.
Meu vô me levou na escola no meu primeiro dia de aula do pré. E foi assim até o último. Me disse que um dia tinha uma enxurrada tão grande que ele teve que me levantar lá no alto para que eu não chegasse molhada na aula.
E ele me levava para "desamarrar o burro". Era mais ou menos assim, eu ficava emburrada por qualquer coisa e ele me levava para dar uma volta, desamarrar o burro. Sentava no banco da praça e ficava me esperando pegar todas as florzinhas coloridas que depois eu queria levar pra casa. Me levava para fazer inalação todos os dias, de ônibus às duas da tarde. E ficava lá do meu lado, com as mãozinhas cruzadas para trás puxando conversa até com o botijão de oxigênio.
Ninguém sabe abraçar como o meu avô. Abraço tem que ser bem dado. Apertado, demorado, um 'uta' bem forte com tapinha nas costas e se possível uma palavrinha de motivação na orelha. Para mim era sempre "você é um orgulho para o vô" ou "ai, que bom que você está aqui!".
Meu vô comia igual passarinho e tinha rodinha nos pés. Quando a gente chegava lá ele estava sempre na padaria ou na oficina. Conversando com os compadres. Ele dizia que o melhor na vida era ter amigos e se orgulhava de ter vivido a vida toda "sem criar inimizade com ninguém"- enquanto apertava minha mão na dele.
Nem as duas filhas do dono do restaurante que ele trocou para casar com a minha avó ficaram com raiva dele. Mineiro que só.
Quando as pessoas morrem, acho que é normal que a gente páre de falar nelas por um tempo porque ainda dói. Mas não tempo o bastante para que ela seja esquecida.
Eu chorei a morte do meu avô só depois de três meses da sua partida. E só então consegui me lembrar de tudo que ele significou para mim. Até as minhas brincadeiras mais brutas eu aprendi com ele. Mas isso é só sinal de amor demais. Eu mordia ele até tirar sangue e não largava da barra da sua calça por um segundo. Ele plantava morango para eu comer no pé, fazia arroz doce e doce-de-leite de quadradinho.
Nunca vou esquecer da minha vô abraçada em mim no velório:"-É a minha vida. A minha vida foi embora." Nem dele com Alzheimer, pouco antes de morrer, quando ainda abraçava todo mundo que ia visitá-lo com um sorriso na cara: "-Olha quem está aqui!". Mesmo que não fizesse idéia se quem estava ali era o dono do restaurante que ele trabalhava quando era moço, eu, a minha vó, meu pai ou qualquer uma das pessoas que ele quis tão bem durante seus quase noventa anos de vida.