Divagações sem fim esperando por respostas.
Uma busca sem rumo por certezas improváveis:
Dores, cores, amores, rancores.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Sobre amores e sapos

Julho, 2008
Eu sempre vivi lindas paixões platônicas.Coisa bem de adolescente que combina bem com a síndrome de Peter Pan que estou vivendo.
Deve ser a crise dos 30.
Ou a crise das que tem quase 30 e estão solteiras?
Ou apenas se decepcionaram com todo e qualquer marmanjo que cruzou seu caminho?
Dos caras que mais gostei até hoje (tirando o pobre do meu primeiro namorado que virou meu pseudo-analista) os que mais amei foram os que nunca tive.
Parece que assim o encanto permanecia sempre o mesmo... ano após ano. Diário após diário, namorada após namorada nova dele!
Ai, como sofria.E nunca tinha coragem de dar a mínima investida.
Que bobagem não é?
Pois é... mais de uma década se passou e...
O bom de se tornar adulta é que se tem sede de viver. Então as paixões platônicas que duravam os três anos de colegial, têm prazo de validade estipulado pela minha mente semi-doentia: 3 dias e próximo.
Se em 3 dias nenhum sinal de amor platônico correspondido por ele, o lance é apagar o celular e seguir em busca do sapo da vez. Que claro, virará um belo príncipe bem-humorado que curte Rock n Roll.
O difícil é quando nos deparamos com um sapo que não pula pra dentro da lagoa e nem fica do lado de fora. Fica lá sentado, com aquela cara de sapo, boiando numa vitória-régia imensa e linda. Tão linda quanto todos os sonhos que você tem, acordada ou não, com ele.
Atitude? Não é a cara dos amantes platônicos.
E os 3 dias passam, e os 30 chegam já já. E você mais uma vez pensa que aquele poderia ser o seu alguém. Já que vocês já provaram que são Bonnie e Clyde, que ficariam dormindo enquanto a turma vai pra praia, que passariam o dia falando bobagem e vendo filme bobo na tevê... que a sua companhia o agrada e a dele te faz tão bem.
E se a deadline dos 3 dias fica muito lá atrás, você perde o raciocínio, perde a noção da hora, do teor alcóolico, do valor da comanda, do volume da voz e tem vontade de gritar!
E ai você pode estar confundindo tudo, trocando as bolas, achando que qualquer carinho e atenção é interesse. Que qualquer elogio é um quase "eu te amo", que uma ligação no meio da noite significa "não consigo dormir pois estou pensando em você".
Foi nessas que descobri que paixonite platônica aguda pode enlouquecer uma mulher de qualquer idade e qualquer maturidade.
E você faz o que se está mais perdida que cego em tiroteio?
Espera o cara te emprestar os óculos ,enxerga bem as placas e aí decide que caminho seguir.

Here comes the Sun

(dedicated to my English family)

It is kind of a dream.
Suddenly I wake up and I am really here, but it does not feel like a dream.
The house smells the same.
The pink bedroom is there, but now I live in the guest room.
The friendly dog was replaced by the spoiled cat, but never in my heart.
The toast smell goes up the stairs and I come down to have them with butter.
Streets get confusing when all you want is crossing the road. Entering cars on the other side can also be excused.
Is Beatles being played somewhere?
"Nothing you can say but you can learn how to play the game. It's easy"
All I need is London.
The passion is back. Flowers are as colourful as before. People are as friendly as ever.
And time has finally came to change me. That was all I needed.
I can definetly see the changes on my picture at the same old mirror with the golden frame.
Now I like the tea and all the sweet seasonings in their food.
I go to the theatre. I do pay my own bills.
I am 29 but the 18 years old girl is still here, in everywhere I look.
Coming to the front door to pick up the letters with news from back home.
Shopping downtown and thinking what presents will suit best her beloved ones.
Time has passed. I think I did my best.
The adult one walks around by herself meeting friends from a time that will never come back.
Eating biscuits with ice cream and thinking about how silly and childish she was.
And how brave. How reckless and fearless.
Those things I will take home, she gave them back to me.
And a heart that breaths deeply and cannot wait for the whole life that is still to come.
London is as fashionable as before. And I am not, I am more.
I can feel it from far away.
I feel nothing will be the same again.

"Little darling, it's been a long cold lonely winter
Little darling, it feels like years since it's been here
Here comes the sun, here comes the sun
and I say it's all right

Little darling, the smiles returning to the faces
Little darling, it seems like years since it's been here
Here comes the sun, here comes the sun
and I say it's all right

(...)

Little darling, I feel that ice is slowly melting
Little darling, it seems like years since it's been clear
Here comes the sun, here comes the sun,
and I say it's all right
It's all right."

só mais uma de amor

Eles se conheceram no fim da adolescência. Aquela fase feia, crescendo desproporcionalmente. Milhões de coisas na cabeça sem fazer sentido algum.
Aquele nariz que não era pra ser assim, o cabelo que você ainda não sabe arrumar, o estilo de roupa que você ainda não encontrou. Ela se olha no espelho e nunca gosta do que vê. Faz um drama. Ele ainda usa aparelho nos dentes. Será que vai demorar muito?
Ela não lê mais a Capricho. Pensa em morar no exterior.
Ele não sabe qual droga experimentar agora. Se presta Medicina ou Biologia. Se ouve Rock ou Reggae.
Ela ainda escreve na agenda sobre o mesmo amor platônico de anos. E ele não a quer. Mas ela insiste. Também, existe passatempo melhor quando se é adolescente?
Ele sofre pela primeira ex-namorada. Existe drama melhor?
Os caminhos poderiam ter sido diferentes se não fosse pela amiga que insistiu em apresentá-los. Essa coisa de cupido também existe na vida real. Não que essa seja uma história real. Ora bolas!
E eles se apaixonam. Borboletas no estômago. Sinos tocando. Eu e você escritos no espelho embaçado depois do banho.
Numa quinta-feira a noite quando a amiga a chama para ir embora da festa ele pergunta: o que você gostaria de fazer antes de ir embora?
Ela pede o beijo. O primeiro e mais especial em meio a tantos outros deles.
No outro dia já se telefonaram. Ele não se importava mais com o aparelho, mas continuava tentando decidir sobre a próxima droga. Ela gostava do que via no espelho porque ele gostava do que via nela.
Era aquele o primeiro amor.
Foram seis meses daquela coisa linda que todos conhecemos. A primeira vez de tudo.
A primeira noite juntos, o primeiro "eu te amo". Tudo arrepia. Tudo é tão intenso.
A trilha sonora nunca seria esquecida. Alice in Chains, eu imagino.
No final dos seis meses ela muda de cidade deixando para traz um coração partido e uma cara inchada. Promete ser dele pra sempre com medo de não poder ser.
Ele não dorme a noite, sabe que a vida dela mudará na faculdade. Tantas pessoas para conhecer, tão mais interessantes que ele.
Aí vem o primeiro telefonema.Um telegrama. A primeira carta. O primeiro email. O presente de aniversario enviado pelo amigo. Ela abre: uma flor!
A fita de músicas do Chico Buarque. A poesia de Vinicius e Oswald.
Tudo aquilo era lindo e doía. A distância era longa mas os dois não abriam mão de estarem presentes.
Doía mas era um sofrimento válido.
Um sofrimento bonito. Um eu te amo pra sempre.
Que acendia a cada encontro, a cada sorriso, a cada : Oi, está tudo bem por aí? Estou com saudades.
A história é longa. Eles nunca acreditaram de verdade que daria tão certo. Que realizariam tantos sonhos juntos. Que seriam parte da vida um do outro para sempre.
Eles preferiam acreditar que depois de muito tempo separados se encontrariam durante as férias numa praça em Madrid.
Ela com um livro no colo olhando a fonte e ele tirando fotos da mesma.