Divagações sem fim esperando por respostas.
Uma busca sem rumo por certezas improváveis:
Dores, cores, amores, rancores.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

pingando i's ou colcha de retalhos


Boa noite, meu nome é Leticia, eu tenho 30 anos e há um ano tinha a plena convicção de que havia descoberto o que fazer da vida. Isso mesmo! Não tenho mais tanta certeza.
Talvez a minha vida seja como uma colcha formada por inúmeros retalhos coloridos, outros nem tão coloridos assim e não por um tecido uniforme como a da maioria das pessoas PARECE ser.
Pois bem, resolvi tomar algumas providências para que a colcha de retalhos não seja mais algo bagunçado e turbulento, mas que possa adquirir certa harmonia de cores e texturas.
Resolvi pingar os meus i's.
Afinal de contas nem só de resultado de orientação vocacional vive o homem. Certo?
É preciso olhar mais lá pro fundo do baú. Com medo, sem medo. Mas e aí? O que acontece quando a gente realmente encara a realidade? (Sem óculos escuros, sem álcool, sem anti-depressivos, sem ombro de amiga, sem p. nenhuma).
Você descobre que se cobra demais. Você sempre foi a mais nerd da sala, a mais inteligente da turma, tinha as melhores notas. Mas peraí. E se as coisas mudaram e você simplesmente decidiu que não precisa mais disso tudo? É bom que não esperem que eu seja doutora em uma grande faculdade, nem escritora e muito menos rica.
Você descobre que o que outrora te fazia muito feliz não te completa mais. Descobre que uma noite em casa sozinha pode te fazer mais feliz que uma noite por aí. Recebendo carinhos vazios e deixando copos vazios. Então não esperem que eu seja a mais sociável e animada e diga sim a todos os convites. Não espere que a minha vida sexual seja a mais agitada de todas. No, no, no.
Você descobre que aquele cara, o primeiro cara que te fez cantar olhando para o nada nunca foi completamente retirado da sua caixinha de lembranças. Que é por causa dele que você escolheu todos os outros. Que você não foi forte o suficiente para esquecê-lo e continuar, numa boa, sendo sua melhor amiga. Você ainda pensa nele e mesmo fazendo papel de ridícula (que você também acabou descobrindo que é) o avisa que esta palhaçada acabou e que vocês não estão prontos para serem somente bons (ugh) amigos.
Além disso, você também corre o risco de descobrir que fazer tudo direitinho no trabalho e cuidar de casa e dar conta de escrever sua monografia não fazem de você uma mulher careta, nerd ou menos divertida. Evitar retrabalho pode fazer de você bem mais feliz, menos ansiosa e até mais bonita.
Não tem nada melhor do que ouvir um "muito bem", "bom trabalho" ou até um "nossa, ficou mesmo uma delícia".
Mexer no fundo do baú e sair por aí costurando retalhos pode te levar a altas reflexões, a inúmeras soluções, a crises intermináveis de espirros, asma e duas consultas no oftalmo, como também ao curso de costura mais próximo.
Mas isso é história para outro post.