Divagações sem fim esperando por respostas.
Uma busca sem rumo por certezas improváveis:
Dores, cores, amores, rancores.

terça-feira, 29 de junho de 2010

re-inventar

Chega uma hora que a gente tem que virar o disco.
Como eu não sou adepta a novas tecnologias, o máximo de modernidade de termos que posso usar aqui é dizer que devemos comprar um CD novo. Aquele lançamento, novinho-novinho. Ou um DVD da nova temporada.
Se a gente demora tempo demais pensando em alguma coisa, ou vivendo algum momento ele não vai embora. Parece que se materializa e fica ali, eternamente presente.
Aquele cara que ficou do teu lado cinco anos, com quem você realizou tantos sonhos e construiu outros mil planos. Ele não está mais neste seu disco. Na verdade ele já deve estar no quinto ou sexto enquanto você vive o primeiro, riscado que só.
Contar e rir da mesma história toda vez que você senta na mesma mesa de bar com as amigas pode ser engraçado, a história pode até valer a pena. Mas não fica a sensação de que o novo não está acontecendo?
A moda já mudou. Mas você teima em usar aquela mesma bota vinho porque se lembra daquela viagem àquele lugar especial quando você tinha 18 anos. Medo de crescer? Existem lindas botas novas no mercado prontas para serem usadas em também novas caminhadas.
A tristeza bateu pelo mesmo motivo as mesmas 10 horas da manhã do domingo. Você pode então não ligar para a amiga que te ouviu choramingar a vida toda, mas para uma nova amiga. A mais antiga não se sentirá trocada. Agradecerá.
Não dá para viver a mesma vida a vida inteira. E isso não quer dizer que você não possa amar uma única pessoa ou morar numa mesma cidade. É que se você não se cuida, acaba vendo tantas vezes o mesmo filme que ele enjôa.
Enjôa do conselho da amiga, do amor do amor, do caminho que faz para ir para o trabalho.
Dá para ir trabalhar cada dia por um lugar, mesmo que mudando um ou outro quarteirão. Só para não ter que ver o mesmo carro verde parado na mesma rua ou a mesma senhora no ponto de ônibus com cara de "eu odeio a minha vida".
Fazer a mesma coisa sempre me deixa com a sensação de estar parada no tempo, no espaço. De ter me rendido à mesmice da vida, mesmo com tanta vida para ver e viver.
Chico Science já dizia: " um passo a frente e você já não está mais no mesmo lugar".
Um passinho.

(essa é para a Livia, que ficou me enchendo para eu postar algo novo, de novo)

quarta-feira, 9 de junho de 2010

obrigada pela atenção dispensada

Desculpem -me! Eu sei que vocês pensam que estão fazendo um ENORME favor, mas (REPETINDO)eu não quero ser apresentada ao seu primo, ao seu chefe, ao melhor amigo do seu namorado.
Não me importa se ele é engenheiro, escritor, fotógrafo, anda de skate. Nem se ele tem casa na praia, no campo em Buenos Aires. Se ele tem um jipe, uma moto, uma bicicleta. Se é vegetariano ou faz um belo bife a parmegiana- e eu amo bife a parmegiana.
Se ele faz o meu tipo. E quem foi que disse que você sabe que tipo faz o meu tipo?
Não é porque ele gosta de Rock n roll, toma cerveja no balcão do bar e adora discussões sem pé nem cabeça sobre filmes que nem ele viu que ele fará meu tipo.
O fato é que quando eu me apaixonar por alguém, eu quero que o mérito seja só meu. Ou pelo menos uma culpa dividida igualmente entre as duas pessoas envolvidas.
Lembrando que não quero desmerecer as propostas indecentes de vocês. INDECENTES SIM, como não?
Não tem nada mais indecente do que colocar duas pessoas numa cilada dessas.
Qual é a chance de um Blind Date dar certo?
Não faço a mínima idéia, mas acredito que deva ser menos de 5% SE levarmos em consideração apenas aquelas pessoas que realmente se apaixonaram pelos indíviduos apresentados. Aquele amor a primeira vista quando ele fala que torce pelo Corinthians e você responde que torce pelo Santos mas seu pai é Corinthiano. (Nesta hora o que realmente importou foi a covinha que apareceu no canto esquerdo quando ele te fez a pergunta).
Voltando à pesquisa. Acredito que se estendermos àquelas que se encantaram mais com o apartamento de frente para o mar que pelo sorriso bobo do moço acho que podemos alcançar os 30%. Será?
Será que o romantismo acabou? E levou com ele todos os príncipes encantados de camisa xadrez que perambulavam pelos balcões de bar por aí depois de assistirem filmes que nunca vão entender?
Eu também não sei.
Eu só sei que acredito em fadas, em duendes, em coincidências, em destino, em milagres. Em Papai Noel e coelhinho da páscoa.
Acredito até em político!
Como eu vou deixar de acreditar que posso ouvir sininhos numa manhã de domingo quando for ao supermercado comprar creme de leite?
(Primeiro preciso começar a acordar de manhã aos domingos...)

fazendo a barra da saia

Medo eu tenho quando a única pessoa que me passou segurança a vida toda sente medo.
Mãe não pode ter medo, mãe tem que ser forte, mãe não pode chorar, nem ter TPM, nem pegar gripe, nem ter preguiça de fazer lasanha quando você vai almoçar em casa.
Mãe é seu porto seguro. A barra da saia da sua mãe é a beira da piscina que você segura para não afundar.
Mas você vai crescendo e quando vê, aquela de quem você precisava tanto, agora precisa mais de você. Quando ela te liga e diz:- Estou nervosa, fui ao médico e ele me disse que vou ter que operar.
Você não é mãe, nem nunca foi e está longe de saber se pretende ser. Mas você queria pegar o primeiro avião e estar ali abraçada nela, como ela fez quando você foi internada com asma aos 6 anos de idade.
Ou quando ela chega e pergunta se está gorda. Se está feia, se o corte de cabelo caiu bem ou não, se a bolsa está muito grande porque ela é muito baixa.
Você se pergunta:- E agora? Eu sou filha? Sou amiga? Sou irmã? Falo a verdade e somente a verdade? Será que vou magoar? Será que ela vai ficar triste?
Quando a gente cresce deixa um pouco de ser só filha e a mãe deixa de ser só mãe. Acho que fica tudo misturado. A gente aprende que aquela figura durona tem sentimentos. Que é mulher como a gente é e que deve ter passado (passou) parte da vida chorando no banheiro só para manter a fama de má.
Quando ela sofre pelos cantos e você diz para ela parar de pensar só nele, que nunca viu uma paixão durar assim tanto tempo por um cara que nem é tudo isso. Que ela tem que sair mais, pensar mais nela, se arrumar, se cuidar, comprar uma roupa que a deixe bem bonita. Que ele não a merece.
Tudo bem que ele é seu pai. Mas nessa altura do campeonato, ele é apenas mais um cara que deu o fora na sua grande amiga. E não é porque é mãe que não merece a mesma atenção da amiga. A gente tem mania de dar mais atenção ao que está da porta pra fora. Às vezes a gente dá mais valor à grama do vizinho.
Mas é que mãe às vezes é uma coisa chata. Puxa a orelha e briga quando acha o diário aos 18 anos. Imagina se ler o blog. Faz chantagem emocional. Te deixa culpada.
Mas por outro lado, todo mundo tem aquela amiga careta de quem você esconde certas coisas desde que eram adolescentes. E aquela amiga nerd de quem você foge para não dizer que não conseguiu entregar o TCC a tempo.
Mas sempre dá pra dar um jeitinho de pôr todo mundo no colo. Porque se está tudo misturado agora, e se em coração de mãe sempre cabe mais um, no de filha também, não é?