Divagações sem fim esperando por respostas.
Uma busca sem rumo por certezas improváveis:
Dores, cores, amores, rancores.

sábado, 6 de novembro de 2010

gosto não se discute


Eu gosto do cabelo dela assim. Preso para cima, como só ela usa. Gosto da camisola de algodão azul e da havaianas que herdou da amiga.
Gosto de vê-la andar na rua balançando os braços. Ela não fez balé.
Quando ela ri. Ela gargalha. Todo mundo olha. Disso eu também gosto muito. Só não mais do que quando ela me abraça e me morde a orelha. Gosto do dentinho torto da frente. Do pé chato com unha colorida.
Gosto da cama bagunçada. Gosto dela escolhendo a melhor roupa para a gente sair.
E de dar a mão pra ela por cima da mesa depois do almoço.
E que ela me acompanhe para cima e para baixo, muitas vezes sem saber para onde vou.
Gosto pois para ela a vida caminha lentamente. Ou às vezes passa como um furacão.
Gosto quando é ela o furacão.
O sorriso forçado tirando foto. O não saber sambar e nem cantar. A pinta no ombro esquerdo. Ou no direito? Gosto porque só ela chora em comercial de margarina.
Gosto dela falando com a mãe. Do respeito pelo pai. Gosto dela quando ela joga o celular para debaixo da cama para ser só minha.
Gosto de viajar com ela cantando. Gosto dela cantando no banho. Gosto dela no banho.
Eu gosto com um gosto que só eu sei gostar. Daquela tatuagem sem terminar. Da cicatriz na barriga. Da barriguinha. Do anel de estrelinha. Daquela saia de bolinha.
Gosto da soneca no fim do dia na praia. Gosto dela descabelada enrolada no edredon. Ou por causa do vento. Ou por causa de mim.
Da pipoca queimada. Gosto do beijo com gosto de chocolate.
Gosto do mau-humor na segunda de manhã. Do bom humor no sábado a tarde.
Dela contando os sonhos, dela prevendo o futuro. Gosto dela assim. Gosto do jeito que ela gosta de mim.

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