Divagações sem fim esperando por respostas.
Uma busca sem rumo por certezas improváveis:
Dores, cores, amores, rancores.

sábado, 6 de novembro de 2010

dream-dream-dream


Eu nunca havia reparado nessa estria que tenho do lado direito do peito.
Deve ter sido de tanto o coração encher e esvaziar.
De repente eu me vi uma pessoa romântica. Piegas. Blá. Só que não senti vergonha de mim. Surprisily good. Sofrer de amor renova.
Da janela do meu quarto eu vejo o céu mais azul que já vi. Mais azul que o cinza de São Paulo. Mais azul que o cinza de Londres. Mais azul que o céu azul dos Andes.
Mas eu vejo sozinha.
E olha que a vida já me pregou tanta peça que às vezes acho que é hora de desistir.
Não desistir de viver, bobinho. Eu nunca faria isso. Mas desistir de sonhar. Só que sonho é o alimento da vida.
E eu vou sonhar até o travesseiro se cansar de mim.
Talvez meus sonhos já tenham se tornado realidade e eu, distraída que sou, nem percebi.
Talvez eu já esteja fazendo aquilo que vim ao mundo fazer. Escrever esse monte de coisas para quase ninguém ler, dançar uma música aqui e outra ali. Me encher de tatuagens pra que eu seja mais do jeito que sonhei em ser. Olhar o mundo todo como se fosse sempre a primeira vez.
Já saí de casa, já me enchi de piercing. Bebi demais mil vezes. Fui pedida em casamento. Estourei o limite do cartão de crédito. Fui mais de 10 vezes para a praia em um único ano. Beijei meu melhor amigo. Quebrei o dente da frente. Fui quase loira. Conheci o Louvre. Quase fiz curso de marketing, quase achei que um grande salário era grande coisa na vida. Já fotografaram minha roupa para uma revista de moda Retrô. Fui em show de rock, em rave, em inferninho.
E se eu me lembro bem, sonhei mais ou menos tudo isso um dia. Talvez ouvindo Legião.
Talvez o meu príncipe encantado tenha sido aquele inglês de olhos verdes e coturno que conheci às 3 horas da manhã em Londres, que era antropólogo e me levou para passear num bairro indiano. Que falava aquele português com sotaque de Recife. E para ele eu disse que nunca me mudaria para lá.
As vezes a gente corta o sonho pela metade sem saber. Fecha a janela que deixa o céu azul entrar.
Eu sei que ainda vou encher o peito de suspiros várias vezes. Para depois, num susto, esvaziá-lo com solidão.
Agora o sonho a gente não esquece. De 3 em 3 horas, sem moderação.

Um comentário:

  1. Você esqueceu de dizer que já dividiu apartamento com amiga casada e levou o noivo para a despedida de solteiro. Isso não é para qualquer uma. ;)

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