Divagações sem fim esperando por respostas.
Uma busca sem rumo por certezas improváveis:
Dores, cores, amores, rancores.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

saudade em tempo de cólera


Eu queria que você esquecesse que você me fez tanto mal. Eu queria que você soubesse que trocaria um quilo de empadas de palmito para te ter aqui do meu lado sorrindo mais uma vez.
Ah! Não só mais uma vez, mas todas essas noites frias de hoje até domingo.
Eu queria que você esquecesse que pedi para não me ligar mais, que pedi para me esquecer. Dá pra não fazer o que te pedi dessa vez?
Queria que você viesse me ver de surpresa, contra a minha vontade.
Eu iria te atender sorrindo um sorriso pintado de amargo, recheado de amor.
Se você esquecesse que me fez chorar, que me fez sofrer.
Se você lembrasse do nosso sorriso juntos.
Se você lembrasse da tua mão na minha perna naquela viagem comprida. E dessa perna enrolada na tua.
Se eu esquecesse do seu colo quentinho e dos seus afagos pela manhã. Do cheiro de você que sobrou no meu quarto inteiro. Se eu esquecesse de quando você foi sincero comigo e só me lembrasse de quando e de todas as vezes que eu me encolhi, me escondi e não acreditei.
De todas as vezes que eu me preocupei, de todas as vezes que eu te pedi para ficar bem. Bem longe de mim.
Talvez assim seria mais fácil não te querer.
Ou talvez assim seria mais fácil você vir me ver. Porque a gente é feito de carne, osso e sentimento. Porque eu sinto tua falta tanto quanto te odeio. E odeio sentir essa falta que você me faz. Falta que faz falta igual quando falta ar.
E se eu colocar tudo isso na balança, na hora de pedir pra embrulhar, tenho medo do pacote com amor ainda ser mais pesado que o pacote com raiva. Tenho medo de sair por aí querendo te encontrar.
Mesmo não tendo mais seu telefone. Eu nunca nem quis seu celular!
Mesmo não podendo voltar atrás, mesmo com o mundo me dizendo para deixar tudo para quando agosto chegar.
Agosto de quem? De Deus?
Quando agosto chegar eu sei que os dois pacotes estarão vazios. E também eu e também você.
E que você para mim será apenas a vontade que um dia eu tive de dizer que, por você, eu faria tudo outra vez.

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