Divagações sem fim esperando por respostas.
Uma busca sem rumo por certezas improváveis:
Dores, cores, amores, rancores.

domingo, 30 de maio de 2010

saudades deles

(de setembro de 2006)

PESO NA CONSCIÊNCIA:
Não consigo me lembrar da última vez que fui pra casa do meu pai.
Me lembro da última vez que tinha que ir e não fui: Dia dos Pais.
Mas ele achou melhor eu ficar por aqui e descansar e eu achei melhor também porque fim de semana é fim de semana e tudo pode acontecer. E aconteceu. Meu "amoreco" resolveu reaparecer e fazer uma visita.
Uma daquelas visitas com cupido presente onde basta um beijo para você se apaixonar... Ai, ai.
E suspirar por mais algumas semanas, adiando a visita à papai e esperando uma reaparição dele.
DE VOLTA A REALIDADE:
Ok, neste caso seria mais fácil um contato imediato de terceiro grau com um ET fofinho de outra dimensão.
SONHO:
Aí passou um fim de semana, passou outro e agora a saudade bateu.
REALIDADE:
Então agora vou eu pra casa, ver quem realmente se importa pelo que eu sou, pelo que eu não sou, pelo que não fui. Aceita todos os meus defeitos e não repara em minhas qualidades, nem nas mudanças no meu cabelo. Não sabe se estou mais gorda ou mais magra mas me diz sempre que estou branca demais e que preciso me alimentar direito e dormir mais. Me liga o dia todo, manda mensagem quando eu não espero. Me espera de madrugada, me compra presentes.
Sente minha falta, pede minha presença, vem me ver. Me leva pra jantar, me dá conselhos profissionais que eu nunca vou ouvir. Me trata como se eu fosse uma bocó e tenta resolver todos os meus problemas. Me lembra de pagar as contas. Reclama do meu saldo negativo. Faz meu imposto de renda. Me dá colo.
Então dessa vez eu vou vê-lo.
E se o outro resolver aparecer?
ALUCINAÇÂO:
Com aquela cara que eu adoro, aquela voz que me desmonta. Falando de coisas que a gente viveu separado, viveu junto. Uma música, uma época, uma cidade.
Dividindo viajens, beijos, cigarros e gargalhadas.
Abrindo uma, duas , três cervejas.
Estando tão presente por horas e completamente ausente por tantas outras que começam no adeus e terminam ou não terminam.
Este que não sabe o dia do meu aniversário, não me vê pra saber que cor é ou tem sido meu cabelo, se gosto ou não de pimenta, se choro quando vejo e se vejo novela.
REALIDADE:
E enquanto isso, eu saio tropeçando pra ver quem fez meu celular apitar e me deparo com um: "Liga em casa, beijos do pai".
Que não me enche de esperanças bobas mas que não deixa de ser no mínimo, fofo.

(engraçado como algumas coisas se repetem: a mesma praça, o mesmo banco, as mesmas flores o mesmo jardim. Hoje meu pai me ligou. E hoje deve ter sido o pior dia deste ano. Chuva, frio, nada na geladeira, solidão, carência, blá. E ele me liga para dizer que a casa que acabou de comprar na praia está pronta, e que espera todo mundo lá nas férias de julho: vamos ver se aproveitamos mais essa coisa boa da vida, não é?
É pai, é bem por aí! )

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