Divagações sem fim esperando por respostas.
Uma busca sem rumo por certezas improváveis:
Dores, cores, amores, rancores.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

fazendo a barra da saia

Medo eu tenho quando a única pessoa que me passou segurança a vida toda sente medo.
Mãe não pode ter medo, mãe tem que ser forte, mãe não pode chorar, nem ter TPM, nem pegar gripe, nem ter preguiça de fazer lasanha quando você vai almoçar em casa.
Mãe é seu porto seguro. A barra da saia da sua mãe é a beira da piscina que você segura para não afundar.
Mas você vai crescendo e quando vê, aquela de quem você precisava tanto, agora precisa mais de você. Quando ela te liga e diz:- Estou nervosa, fui ao médico e ele me disse que vou ter que operar.
Você não é mãe, nem nunca foi e está longe de saber se pretende ser. Mas você queria pegar o primeiro avião e estar ali abraçada nela, como ela fez quando você foi internada com asma aos 6 anos de idade.
Ou quando ela chega e pergunta se está gorda. Se está feia, se o corte de cabelo caiu bem ou não, se a bolsa está muito grande porque ela é muito baixa.
Você se pergunta:- E agora? Eu sou filha? Sou amiga? Sou irmã? Falo a verdade e somente a verdade? Será que vou magoar? Será que ela vai ficar triste?
Quando a gente cresce deixa um pouco de ser só filha e a mãe deixa de ser só mãe. Acho que fica tudo misturado. A gente aprende que aquela figura durona tem sentimentos. Que é mulher como a gente é e que deve ter passado (passou) parte da vida chorando no banheiro só para manter a fama de má.
Quando ela sofre pelos cantos e você diz para ela parar de pensar só nele, que nunca viu uma paixão durar assim tanto tempo por um cara que nem é tudo isso. Que ela tem que sair mais, pensar mais nela, se arrumar, se cuidar, comprar uma roupa que a deixe bem bonita. Que ele não a merece.
Tudo bem que ele é seu pai. Mas nessa altura do campeonato, ele é apenas mais um cara que deu o fora na sua grande amiga. E não é porque é mãe que não merece a mesma atenção da amiga. A gente tem mania de dar mais atenção ao que está da porta pra fora. Às vezes a gente dá mais valor à grama do vizinho.
Mas é que mãe às vezes é uma coisa chata. Puxa a orelha e briga quando acha o diário aos 18 anos. Imagina se ler o blog. Faz chantagem emocional. Te deixa culpada.
Mas por outro lado, todo mundo tem aquela amiga careta de quem você esconde certas coisas desde que eram adolescentes. E aquela amiga nerd de quem você foge para não dizer que não conseguiu entregar o TCC a tempo.
Mas sempre dá pra dar um jeitinho de pôr todo mundo no colo. Porque se está tudo misturado agora, e se em coração de mãe sempre cabe mais um, no de filha também, não é?

2 comentários:

  1. Amei!!!

    :)

    Agora q sou mãe, entendo bem esse tipo de coisa... me vejos nos dois lados da moeda...

    E vejo minha filha tb, daqui a algum tempo... :)

    Saudades

    ResponderExcluir
  2. Oi Jô! Verdade, né? Você deve entender isso bem melhor que eu! A Maria Eduarda deve estar uma mocinha já! Saudades tb.

    ResponderExcluir